Pedro de Alcântara, Príncipe do Grão-Pará

Fonte: Monarquia Wiki
Pedro de Alcântara
Pedro de Alcântara, Príncipe do Grão-Pará
Príncipe do Grão-Pará
Período 15 de outubro de 1875
a 15 de novembro de 1889
Antecessor(a) Luisa Vitória
Sucessor(a) Pedro Henrique
Príncipe Imperial do Brasil
Período 5 de dezembro de 1891
a 30 de outubro de 1908
Antecessor(a) Isabel
Sucessor(a) Luís
 
Nascimento 15 de outubro de 1875
  Palácio Isabel, Petrópolis, Brasil
Morte 29 de janeiro de 1940 (64 anos)
  Palácio do Grão-Pará, Petrópolis, Brasil
Sepultado em Mausoléu Imperial, Petrópolis, Brasil
Nome completo  
Pedro de Alcântara Luís Filipe Maria Gastão Miguel Gabriel Rafael Gonzaga
Esposa Elisabeth de Dobrzenicz
Descendência Isabel, Condessa de Paris
Pedro Gastão, Príncipe do Brasil
Maria Francisca, Duquesa de Bragança
João Maria do Brasil
Teresa Teodora do Brasil
Casa Orléans e Bragança
Pai Gastão de Orléans, Conde d'Eu
Mãe Isabel, Princesa Imperial do Brasil
Religião Catolicismo
Assinatura Assinatura de Pedro de Alcântara
Brasão

Pedro de Alcântara, Príncipe do Grão Pará (Palácio Isabel, 15 de outubro de 1875Palácio do Grão-Pará, 29 de janeiro de 1940) foi o filho primogênito da imperatriz Isabel I do Brasil e do príncipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu, e como tal, nasceu como o segundo na linha do trono imperial do Brasil, durante o reinado de seu avô, o imperador Pedro II do Brasil. Em 1908, sob pressão de sua mãe, ele emitiu um documento renunciando a seus direitos dinásticos para se casar com uma nobre da Boêmia, mas a questão da validade de sua renúncia provocou uma divisão na família que dura até os dias atuais.

Ele foi o primeiro chefe do chamado ramo Petrópolis da família imperial brasileira, e apesar de ter reconhecido a pretensão de seu sobrinho Pedro Henrique ao trono do Brasil a título pessoal após a morte de sua mãe (avó de Pedro Henrique), devido à questionável validade de sua renúncia, considerada ilegal e nula por alguns estudiosos, pode ser considerado o legítimo pretendente ao trono brasileiro e chefe da casa até sua morte, tendo agido de fato assim como o membro mais antigo da Casa de Orleans e Bragança, especialmente pela minoria e inexperiência de seu sobrinho que ainda vivia exilado na França, quando já havia repatriado para o Brasil e tinha vínculos com o governo brasileiro do presidente Getúlio Vargas.

Após o exílio, levantado em 1920, Pedro se estabeleceu definitivamente no Brasil, no Palácio do Grão-Pará. Foi o único Príncipe do Império brasileiro nascido durante a vigência da monarquia a ter retornado ao Brasil, onde faleceu, recebendo honras de chefe de Estado. Dom Pedro de Alcântara é às vezes chamado de avô da Europa, da mesma forma que seu tio-avô, o rei Miguel I de Portugal e a rainha Vitória do Reino Unido, por ter gerado não apenas o pretendente ao imperador do Brasil, mas também as rainhas de jure de França e Portugal, princesa Isabel, Condessa de Paris e princesa Maria Francisca, Duquesa de Bragança respectivamente. Foi também avô dos pretendentes aos tronos do Brasil, França e Portugal e das consortes dos pretendentes aos tronos de Württemberg, Duas Sicílias, Itália e Iugoslávia, além de tio-avô do rei Juan Carlos I da Espanha.

Nascimento[editar | editar código-fonte]

Dom Pedro nasceu às 13h do dia 15 de outubro de 1875 no Paço Imperial de Petrópolis, na cidade homônima. Foi o primogênito de Isabel, então Princesa Imperial do Brasil e seu marido, o Príncipe Gastão, Conde d'Eu, tendo nascido 11 anos após o casamento de seus pais, razão pela qual se acreditava ser a esperança da monarquia, como se pensava Isabel para ser estéril, e para que seu nascimento fosse destino. Como primogênito da herdeira do trono, segundo o artigo 105 da constituição de 1824, era titulado Príncipe do Grão-Pará, denominado Alteza Imperial, e era o herdeiro presuntivo do trono brasileiro ao nascer. Em 30 de novembro de 1875 foi batizado na Igreja da Glória (Igreja da Glória).

Batizado[editar | editar código-fonte]

Foi batizado Pedro de Alcântara Luiz Filipe Maria Gastão Miguel Gabriel Rafael Gonzaga. Os seus quatro últimos nomes foram sempre atribuídos aos membros da sua família, enquanto Luiz Filipe homenageia o seu pai, nascido Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston.

Família[editar | editar código-fonte]

Foi membro agnático da Casa de Orléans de seu pai, mas para se referir à Casa de Bragança, de origem portuguesa e que governa o Brasil indiretamente (como colônia de Portugal) e diretamente (como monarquia independente), ele e seus irmãos formaram a Casa de Orléans-Bragança. Por parte de mãe, era neto do imperador Pedro II do Brasil e da imperatriz Teresa Cristina (nascida princesa das Duas Sicílias), sendo assim bisneto do rei Fernando I das Duas Sicílias, e por parte de pai era neto do príncipe Luís, duque de Nemours e princesa Victoria de Saxe-Coburg e Gotha, e bisneto do reiLouis Philippe I dos franceses.

Infância[editar | editar código-fonte]

Educação[editar | editar código-fonte]

Pedro foi educado por uma equipe de preceptores chefiada pelo Barão de Ramiz, que era seu professor preferido, e Ana Grünewald, sua zeladora (avó do futuro vice-presidente e membro da junta militar governante de 1969, Augusto Rademaker). Seu avô, o imperador Pedro II, também participou de seu processo educacional, ensinando-lhe línguas e astronomia. Durante a infância e início da adolescência, Pedro morou entre o Palácio Isabel, no Rio de Janeiro, e o Palácio da Princesa, em Petrópolis, onde nasceu. Junto com seus irmãos mais novos, ele escreveu um pequeno jornal antiescravista que circulou na quadra. Após completar sua formação com preceptores, ingressou no Colégio Pedro II. Segundo o historiador Roderick J. Barman, "Pedro era gentil e amigável, mas não gostava de estudar e geralmente era desajeitado". Em carta ao sogro, em 1890, o Conde da Eu escrevia comparando os filhos Pedro e Luís: "O menino Pedro destaca-se sempre pela indolência e inaptidão [...] [enquanto] Luís faz exactamente a mesma escola trabalhar sozinho, com prestígio e uma capacidade admirável".

Tinha quatorze anos quando a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, depôs seu avô e aboliu a monarquia brasileira. Ele estava em Petrópolis na época e foi resgatado por Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, que o trouxe para a capital onde aguardou o restante de sua família, junto com seus irmãos, a bordo de um navio de guerra que os levaria ao exílio. Pedro foi responsável por um dos gestos mais pungentes por ocasião da partida da família imperial brasileira para o exílio, quando sugeriu a seu avô, o imperador, "a ideia de soltar uma pomba branca, em alto mar, a fim de levar para o Brasil as últimas saudades da Família Imperial". A pomba foi solta no alto da ilha de Fernando de Noronha com mensagem assinada por toda a família, mas acabou caindo no mar sem cumprir sua finalidade.

Exílio[editar | editar código-fonte]

Serviço militar[editar | editar código-fonte]

Durante o exílio, em 1890, Pedro mudou-se com os pais para os arredores de Versalhes , onde haviam adquirido uma villa em Boulogne-sur-Seine. Atingiu a maioridade em 1893 e, sem vontade de assumir a causa monárquica, partiu para Viena , capital do Império Austro-Húngaro , para estudar na escola militar de Wiener Neustadt. Segundo a própria mãe era "claro que tinha de fazer alguma coisa e a carreira militar parece-nos a única que deveria seguir". Como príncipe estrangeiro, para poder ingressar no Exército Austro-Húngarosem prejuízo do seu estatuto e cidadania, o infante D. Pedro (assim como os seus irmãos num futuro próximo) precisava de autorização oficial do imperador austríaco, Franz Joseph, primo-irmão do seu avô, D. Pedro II, e portanto seu primo direito por duas vezes. removido. A pedido da Imperatriz D. Isabel, o Imperador concedeu liminar a todos os seus filhos, chegando a conceder-lhe a honra de Dama da Ordem da Cruz Estrelada. Os irmãos mais novos de Pedro, Luís e Antônio, seguiram-no na mesma escola militar. Pedro graduou-se como Tenente do Exército Austro-Húngarono 4º Regimento de Uhlans, que passou a comandar. Após o casamento, para constituir família, deixou a ativa e foi reformado como Capitão. Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, D. Pedro desculpou-se do Exército Austro-Húngaro porque, assim como seus irmãos, queria lutar pelo país de seu pai, o mesmo que os havia proporcionado o exílio, a França. Porém, após ser impedido pela lei de 1886 que impedia que descendentes do último monarca francês (membros da Casa de Orléans, como Pedro é agnático) ingressassem na oficialidade civil e militar francesa, acabou desistindo de lutar, mesmo a despeito de seus irmãos insistência para que ele se juntasse às forças britânicas como eles fizeram.

Tentativa de restauração[editar | editar código-fonte]

Com a deposição de Pedro II do Brasil e a ida da família imperial para o exílio, surgiram, ocasionalmente, rumores e até iniciativas para a restauração. Em 1893, a república cambaleou com a segunda revolta da marinha e a revolução federalista no sul do país. O líder deste último movimento, Gaspar Silveira Martins , monárquico declarado (e supostamente a última pessoa nomeada pelo imperador Pedro II como primeiro-ministro, embora nunca tenha assumido o cargo), estava envolvido em conspirações para restaurar a monarquia parlamentar no Brasil. Já havia insistido em vão para que D. Pedro II voltasse ao país, depois que o marechal Deodoro fechara aCongresso Nacional.

Com o avanço da revolução, propôs à imperatriz Isabel permitir que os soldados ligados à Revolta da Marinha levassem seu filho mais velho, Pedro, então Príncipe Imperial, para ser aclamado Dom Pedro III . Ele ouviu da imperatriz que "antes de tudo ela era católica, e como tal não poderia deixar aos brasileiros a educação do filho, cuja alma ele tinha que salvar". Indignado, Silveira Martins respondeu: "Então, senhora, o seu destino é o convento." Não obstante, em dezembro de 1893, em manifesto conjunto, os almirantes Custódio de Melo e Saldanha da Gama , filiados ao governo provisório paralelo instalado pelos rebeldes federalistas em Nossa Senhora do Desterrosob o comando do Comandante Frederico Guilherme de Lorena proclamou o exilado Príncipe Imperial como Imperador do Brasil. Apesar do caráter ideológico plural da revolução, os revolucionários visavam, com isso, facilitar o reconhecimento de sua causa e seu governo paralelo pelas potências europeias, ganhar legitimidade contra o governo ditatorial de Floriano Peixoto e, ainda, deslegitimá- lo . Guilherme de Lorena, porém, não aceitou a proclamação, e manifestou-se publicamente contra ela, dizendo que somente pela vontade popular nas eleições a Constituição de 1891 (a segunda e primeira republicana do país) poderia ser reformada, e ele a havia jurado .

No mês seguinte, entre 9 e 21 de janeiro de 1894, uma flotilha americana, sob o comando do almirante Andrew Benham, atendendo aos apelos do marechal Floriano Peixoto, rompeu o bloqueio naval comandado por Custódio de Melo e Saldanha da Gama na Baía de Guanabara, ajudando a pressionar os rebeldes que foram derrotados em suas tentativas de desembarcar e tomar a capital brasileira do Rio de Janeiro. Os marinheiros rebeldes que não foram capturados fugiram para Desterro, capital do governo provisório federalista. Ali, Custódio, aliado de Silveira Martins, pressionando pela instalação de um governo civil, em oposição ao caráter militar do governo de Lorena, conseguiu que aquele capitão renunciasse à chefia do governo em 12 de março. Ele foi substituído por uma junta governamental formada por representantes dos três estados do sul sob governo federalista. A fim de garantir a unidade entre os representantes dos estados, que estavam em conflito entre si pelo poder.

Reinado nominal e derrota rebelde[editar | editar código-fonte]

Apesar de saber de sua aclamação como imperador no Brasil, o infante D. Pedro, cedendo à mãe, deu pouca atenção à revolução. Fotografado aqui em 1894. A junta era formada por José Ferreira de Mello, presidente interino do Supremo Tribunal Federalista, representando o estado de Santa Catarina, o ministro Emigdio Westfalen, representando o estado do Paraná e de fato Silveira Martins representando o estado do Rio Grande do Sul; este, porém, coube indicar um representante de seu estado, mas nunca o fez, ocupando ele mesmo o cargo. A junta substituiu todo o gabinete ministerial, dissolveu o comando geral da Guarda Nacional e procedeu a outras transformações, sobrevivendo por pouco mais de um mês, até 17 de abril de 1894, quando os federalistas tiveram que deixar Desterro diante do avanços doArmada Nacional da República sob o comando do General Moreira César, que capturou e mandou fuzilar e decapitar alguns líderes revolucionários, entre eles o Marechal Manuel de Almeida da Gama Lobo d'Eça, 1º e único Barão de Batovi.

Retirada para Ponta Grossa, a liderança revolucionária foi de fato dividida em um triunvirato entre o general Gumercindo Saraiva, o almirante Custódio de Melo e o político Gaspar da Silveira Martins, sendo o primeiro e o último substituídos por Aparício Saraiva e o barão de Itaqui. Sem consenso sobre qual rumo tomar e tendo em vista as derrotas no Paraná que travaram o avanço federalista para o estado de São Paulo e a aquisição de navios americanos pelo governo republicano no Rio de Janeiro, os federalistas foram derrotados e obrigados a recuar para Rio Grande do Sul, onde foram finalmente derrotados na Batalha de Campo Osórioe forçado a assinar um tratado de paz em 23 de agosto de 1895, encerrando oficialmente a revolução, o governo paralelo e o reinado nominal de Pedro III.

Exilado na França, Pedro de Alcântara teve conhecimento de sua proclamação como imperador, na época com 19 anos. Sua mãe, porém, o proibiu de voltar ao Brasil e se juntar aos federalistas por medo das consequências e, assim como seu pai, Pedro II, Isabel defendeu que a restauração da monarquia só poderia ser feita de forma segura, pacífica, nunca pela força das armas que os derrubaram. Porém, nem a Casa Imperial como entidade, nem Isabel, nem Pedro de Alcântara, rejeitaram, nem aceitaram, a proclamação do jovem príncipe como Imperador, o que nominalmente o era. A Casa de Orléans-Braganza não se preparou para os riscos de uma aventura sangrenta no sul do Brasil. Se, por um lado, a realidadeImperador havia dado uma revolução que tinha homens e armas com alma, por outro lado, poupou-se do triste fim de Custódio José de Melo , Gumercindo Saraiva , e tantos outros que mediram forças contra a república e perderam. Não só não participou como evitou ter seu nome associado a qualquer atentado contra a república brasileira desde então.

Relacionamento[editar | editar código-fonte]

Em 1900, estacionado em Chotěboř, no então Reino da Boémia, Pedro conheceu a então Baronesa Elisabeth Dobržensky de Dobrženicz, filha única de Jan Václav II, Barão Dobržensky de Dobrženicz, da antiga família Dobržensky que remonta ao século XII, e Elizabeth, Baronesa Kottulin und Krzischkowitz e Condessa Kottulinsky. O relacionamento de Pedro e Isabel, no entanto, desagradou a imperatriz Isabel, que considerava essencial que o herdeiro do trono se casasse com uma princesa. Como resultado, Pedro não poderia pedir a mão de Isabel até 1908, quando seu irmão Luiz se casou com uma princesa das Duas Sicílias. No entanto, em 1906, Elizabeth pediu a seu primo-tio, o imperadorFranz Joseph I da Áustria para elevar a família Dobržensky ao posto de condes, dando-lhe mais prestígio. Pedro e Elisabeth se casaram em 14 de novembro de 1908 em Versalhes, logo após o casamento de seu irmão, e com a condição de que ele renunciasse a seus direitos ao trono do Brasil. Segundo cartas trocadas entre a imperatriz Isabel e o príncipe Philippe, duque de Orléans e enviadas ao Almanach de Gotha em 28 de outubro de 1910, apesar de exigir a renúncia de seu filho Pedro, Isabel reconheceu seu casamento com a condessa Dobržensky como igualitário e não morganático, confirmando - que já é garantido por lei - o direito aos cinco filhos do casal, netos dela, de serem tratados como Príncipes do Brasil. Eventualmente, apesar dos conflitos iniciais devido ao baixo estado de nascimento da condessa, o relacionamento dos pais de Pedro com sua nobre esposa tornou-se muito amigável e cúmplice. A condessa Elisabeth chamava a sogra, a Imperatriz, de "mamãe" e trocava cartas com ela sobre Pedro e os filhos.

Renúncia[editar | editar código-fonte]

Em 1908, Dom Pedro quis se casar com a condessa Elisabeth Dobržensky de Dobrženicz (1875–1951) que, embora fosse uma nobre do Reino da Boêmia, não pertencia a uma dinastia real ou reinante. Embora a constituição do Império brasileiro não exigisse que uma dinastia se casasse igualmente, sua mãe determinou que o casamento não seria válido dinasticamente para a sucessão brasileira, e como resultado ele renunciou a seus direitos ao trono de Brasil em 30 de outubro de 1908. Para solenizar isso,Dom Pedro, de trinta e três anos, assinou o documento aqui traduzido:

Eu, Príncipe Pedro de Alcântara Luiz Filipe Maria Gastão Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança, tendo refletido com maturidade, resolvi renunciar ao direito que, pela Constituição do Império do Brasil, promulgada em 25 de março de 1824, me confere a Coroa daquela nação. Declaro, portanto, que por minha livre e espontânea vontade renuncio, em meu próprio nome, bem como de todos e quaisquer de meus descendentes, a todos e quaisquer direitos que a referida Constituição nos confere à Coroa e ao Trono Brasileiros, que passará para as linhas que se seguem à minha, conforme a ordem de sucessão estabelecida no artigo 117. Diante de Deus, prometo, por mim e por meus descendentes, manter a presente declaração. Cannes 30 de outubro de 1908 assinado: Pedro de Alcântara de Orléans-Braganza

Essa renúncia foi seguida por uma carta de Isabel aos monarquistas no Brasil:

9 de novembro de 1908, [Castelo de] Eu

Excelentíssimos Senhores Membros do Diretório Monárquico,

Agradeço de todo o coração as felicitações pelos casamentos dos meus queridos filhos Pedro e Luiz. A do Luis aconteceu em Cannes no dia 4 com o brilho que se deseja para um ato tão solene na vida do meu sucessor no Trono do Brasil. Fiquei muito satisfeito. Pedro´s será no próximo dia 14. Antes do casamento de Luís, ele assinou sua renúncia à coroa do Brasil, e aqui eu envio para você, mantendo aqui uma cópia idêntica. Creio que esta notícia deva ser divulgada o quanto antes (os senhores o farão da forma que julgarem mais satisfatória) para evitar a formação de partidos que seria um grande mal para nosso país. Pedro continuará a amar a sua pátria, e dará todo o apoio possível ao irmão. Graças a Deus eles são muito unidos. Luis se envolverá ativamente em tudo que diz respeito à monarquia e qualquer bem para nossa terra. Porém, sem abrir mão dos meus direitos, quero que ele esteja a par de tudo para que se prepare para o cargo que, de todo o coração, desejo que um dia ocupe. Você pode escrever para ele quantas vezes quiser para que ele seja informado de tudo. Minha força não é a mesma de antes, mas meu coração continua o mesmo para amar minha pátria e todos aqueles que tanto se dedicam a nós. Dedico-te toda a minha amizade e confiança, Você pode escrever para ele quantas vezes quiser para que ele seja informado de tudo. Minha força não é a mesma de antes, mas meu coração continua o mesmo para amar minha pátria e todos aqueles que tanto se dedicam a nós. Dedico-te toda a minha amizade e confiança, Você pode escrever para ele quantas vezes quiser para que ele seja informado de tudo. Minha força não é a mesma de antes, mas meu coração continua o mesmo para amar minha pátria e todos aqueles que tanto se dedicam a nós. Dedico-te toda a minha amizade e confiança,

Isabel, condessa d'Eu

Reações[editar | editar código-fonte]

A renúncia foi controversa desde o início. A família imperial não havia constituído um governo no exílio, que reconhecia oficialmente. O que havia era um Diretório Monárquico escolhido, sem cumprir as formalidades necessárias, como interlocutor preferencial no Brasil para tratar de questões políticas e de uma possível restauração. Faziam parte desse grupo eminentes figuras do império recém-derrotado: os ex- primeiros-ministros imperiais Visconde de Ouro Preto , Lafayette Rodrigues Pereira e João Alfredo Corrêa de Oliveira, além de outros ex-políticos imperiais como Domingos de Andrade Figueira, Amador da Cunha Bueno, Carlos de Laet, etc. mesmo previamente solicitar o parecer dos membros do Diretório Monárquico.O ex-primeiro-ministro Alfredo Corrêa de Oliveira, embora aceitando subserviente as decisões e fatos, revela sua sincera opinião:

Se ao invés do fato eu tivesse que considerar o projeto, pediria a Vossa Majestade Imperial que insistisse em minha opinião de reservar qualquer tentativa de renúncia para o tempo da restauração, ou em sua iminência tão certa de que não falharia, considerando então tudo que pudesse influenciar um ato de tamanha gravidade. Francamente, nunca percebi que uma mudança na ordem de sucessão facilitaria o restabelecimento da monarquia, nem que a esse respeito houvesse votos consideráveis ​​e trabalho útil aqui

Alguns anos antes de sua morte, o príncipe Pedro de Alcântara disse a um jornal brasileiro:

Quando há muitos anos renunciei ao trono imperial em favor de meu irmão, o príncipe D. Luiz, o fiz apenas a título pessoal sem cumprir as determinações da Lei brasileira, sem consulta prévia à nação, sem os necessários protocolos que antecedem os atos dessa natureza, não foi, aliás, uma renúncia hereditária. Mas depois, conversando na Europa e durante minhas visitas ao Brasil, com alguns monarquistas, verifiquei que minha renúncia não é válida por muitos motivos, além dos que acabei de mencionar. O vereador João Alfredo, que tinha cópia autêntica da renúncia, também me disse a mesma opinião.

Mas anos depois ele havia retificado sua posição:

É aí que pretendo recuperar os direitos de eventual sucessão ao trono do Brasil, com prejuízo de d. Pedro Henrique, meu sobrinho, negar minha renúncia em 1908. Minha renúncia em 1908 é válida, embora muitos monarquistas [.. .] entendeu que, politicamente e pelas leis brasileiras vigentes em 1889, deverá ser ratificado pelo mesmo caso a monarquia seja restaurada. De fato, em minha família jamais haverá dissensões ou disputas pelo poder imperial.

Sucessão[editar | editar código-fonte]

A imperatriz Isabel morreu em 14 de novembro de 1921. Após sua morte, seu neto Pedro Henrique, filho de seu falecido segundo filho, DomA imperatriz Isabel morreu em 14 de novembro de Luiz, assumiu o cargo de pretendente ao trono do Brasil, aos 12 anos . a nível pessoal o primado do seu sobrinho, o infante D. Pedro Henrique, e mais tarde, apesar de ter contestado a validade e efeito hereditário da sua própria renúncia, afirmou não contestar o direito de sucessão ao trono em detrimento do D. Henrique. No entanto, como filho mais velho da Imperatriz, em virtude de ser o membro sênior da Casa de Orléans-Braganza, a pouca idade do sobrinho e o facto de ter voltado a residir no Brasil enquanto o sobrinho permaneceu na Europa até depois da sua morte, Pedro de Alcântara era visto como Chefe de facto da Família Imperial do Brasil , tendo ele próprio negociado com os chefes de outras dinastias os casamentos de seus filhos e até de seu sobrinho.

Após sua morte, em 29 de janeiro de 1940, seu filho mais velho e herdeiro, o príncipe Pedro Gastão , fez valer sua própria pretensão ao trono do Brasil em detrimento de seu primo Pedro Henrique, sendo abertamente apoiado por seus cunhados, os pretendentes ao os tronos da França orléanista e do Portugal miguelista , seu sogro, o pretendente ao trono das Duas Sicílias, o Príncipe Ferdinando Pio, Duque de Castro e pelo Infante Juan, Conde de Barcelona, ​​Chefe da Casa Real de Espanha, bem como por alguns juristas brasileiros que posteriormente argumentaram que a renúncia de seu pai teria, de fato, sido constitucionalmente inválida sob a monarquia. Embora a filha de Pedro de Alcântara, a princesa Isabelle , tenha se referido a Dom Pedro Gastão como "meu irmão, o imperador brasileiro", ela reconheceu em suas memórias que seu pai, no entanto, considerava sua renúncia obrigatória e a tratava como eficaz.

Retorno ao Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 3 de setembro de 1920, o Presidente Epitácio Pessoa revogou o banimento da Família Imperial do território brasileiro em uma ocasião célebre. Imediatamente após a revogação do interdito, D. Pedro de Alcântara voltou ao Brasil pela primeira vez em 1921, acompanhado de seu pai, o Príncipe Gastão, Conde da Eu, para a trasladação dos corpos de seus avós, o Imperador D. Pedro II e Imperatriz Dona Teresa Cristina. Na ocasião, ele e o pai fizeram uma curta viagem a Minas Gerais, passando pela cidade de Petrópolis, onde ainda possuíam três palácios, na região serrana do Rio de Janeiro, chegando a Juiz de Fora.. Eles também estavam acompanhados por muitos membros da nobreza, funcionários republicanos, incluindo o vice-presidente Bueno de Paiva e monarquistas.

Na segunda ocasião, o infante D. Pedro voltou ao Brasil em 1922 para celebrar o centenário da independência acompanhado do pai e, pela primeira vez, da mulher e dos filhos, a quem apresentaria o Brasil. A bordo do navio Massila , logo após fundear na Baía de Guanabara , o Conde d'Eu morreu de causas naturais aos 80 anos. Marechal de Campo do Exército Imperial e foi um veterano da Guerra da Tríplice Aliança, sendo seu último comandante vivo.

Excursões[editar | editar código-fonte]

Antes de se estabelecer definitivamente no Brasil, ao longo da década de 1920, o infante D. Pedro de Alcântara fez várias viagens ao seu país natal para fazer excursões de caça no sertão brasileiro. Acompanhado de seu secretário, fez, entre 1926 e 1927, uma das viagens mais conhecidas da época: o "auto-raid" da Bolívia ao Rio de Janeiro , percorrendo quatro mil quilômetros de carro por estradas praticamente intransitáveis. Desta expedição há relatos publicados por Mario Baldi, secretário de cultura de Teresópolis, em jornais e revistas ilustrados brasileiros e europeus. Outra expedição foi feita pelo príncipe e seu secretário, desta vez com os filhos de D. Pedro, em 1936. Nessa ocasião os expedicionários visitaram aldeias indígenas do sertão brasileiro. A revista A Noite Ilustrada publicou várias reportagens e fotografias de Mario Baldi, que voltou a documentar a aventura. Notoriamente, o Príncipe visitou a tribo do Xingu que, 42 anos depois, seria visitada por seu neto, o Príncipe João Henrique , iniciando uma relação duradoura entre os índios e a família imperial.

Retorno definitivo e morte[editar | editar código-fonte]

No final da década de 1920, após fixar sua vida na Europa, o Príncipe Pedro de Alcântara, que foi nominalmente o último Imperador do Brasil como Pedro III entre 1894 e 1895, retornou definitivamente ao Brasil, fixando-se na cidade de Petrópolis, onde foi nasceu, no Palácio do Grão-Pará, pelo fato de o Palácio Petrópolis, antiga residência de verão de sua família, ter sido alugado e ter sido ocupado pela Notre Dame de Sion e posteriormente pelo Colégio São Vicente de Paula. Seus filhos concluíram o ensino médio nessas escolas.

A residir na antiga residência de veraneio da corte do avô e da mãe, D. Pedro tornou-se uma figura obrigatória nas festividades locais, sendo muito admirado pela forma calorosa, simpática e simples com que se comportava e tratava os seus convidados. compatriotas. Assim como o avô materno, Pedro era um admirador de invenções tecnológicas e frequentador assíduo dos cinemas da cidade, além de frequentador assíduo das rádios locais. Devido ao seu status e à proximidade geográfica entre seu palácio e o Palácio Rio Negro, residência de verão do Presidente da República na cidade, estabeleceu uma relação produtiva com Getúlio Vargas e era grande amigo de sua esposa, a primeira-dama Darcy Vargas. Em 1938, a pedido do governo, Dom Pedro vendeu ao Estado o Palácio de Petrópolis e as Insígnias Imperiais do Brasil, inclusive a Coroa Imperial e o Cetro Imperial, considerando a necessidade de obtenção de recursos e a questão da segurança daqueles objetos, a fim de para inaugurar o Museu Imperial do Brasil naquele palácio.

No início da noite de 29 de janeiro de 1940, após ir ao cinema e retornar ao seu palácio reclamando de desconforto, o príncipe e possivelmente último imperador do Brasil teve um colapso com parada cardiorrespiratória e morreu aos 64 anos. o Presidente da República que concedeu ao falecido um funeral de Chefe de Estado e enviou o Ministro das Relações Exteriores, Dr. Oswaldo Aranha, como seu representante. A cerimônia fúnebre aconteceu na Catedral de Petrópolis com a presença de representantes do governo, da antiga nobreza e da sociedade, de todos os estados. Seu corpo foi enterrado na Cripta Imperial, junto com seus pais e avós, em um jazigo simples.

Títulos, estilos e honras[editar | editar código-fonte]

Títulos e estilos[editar | editar código-fonte]

  • 15 de outubro de 1875 – 5 de dezembro de 1891: Sua Alteza Imperial O Príncipe do Grão-Pará[1]
  • 5 de dezembro de 1891 - 30 de outubro de 1908: Sua Alteza Imperial O Príncipe Imperial do Brasil
    • 13 de março de 1894 - 23 de agosto de 1895: Sua Majestade Imperial O Imperador do Brasil
  • 30 de outubro de 1908 – 29 de janeiro de 1940: Sua Alteza Imperial Pedro de Alcântara, Príncipe do Grão-Pará

Nota: Ele renunciou a todos os seus direitos ao trono imperial do Brasil para si e seus futuros descendentes em Cannes, França, 30 de outubro de 1908, mas foi autorizado a manter seus antigos estilos e títulos por toda a vida.

Honors[editar | editar código-fonte]

O príncipe Pedro de Alcântara recebeu as seguintes ordens dinásticas brasileiras:

Ele foi um destinatário das seguintes honras estrangeiras:

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 Buyers, Christopher. «The Bragança Dynasty». Royal Ark. Consultado em 8 de março de 2017 

Notas

Ligações externas[editar | editar código-fonte]