Luís Gastão, Príncipe Imperial do Brasil
Luís | |
---|---|
Príncipe Imperial do Brasil | |
Nascimento | 19 de fevereiro de 1911 |
Cannes, França | |
Morte | 8 de setembro de 1931 (20 anos) |
Neuilly-sur-Seine, França | |
Nome completo | |
Luís Gastão Antônio Maria Filipe de Orléans e Bragança | |
Casa | Orléans e Bragança |
Pai | Luís, Príncipe Imperial do Brasil |
Mãe | Maria Pia de Bourbon-Duas Sicílias |
Religião | Catolicismo |
Luiz Gastão, Príncipe Imperial do Brasil (Luiz Gastão Antônio Maria Filipe de Orleans e Bragança; Cannes, França, 19 de fevereiro de 1911 — Neuilly-sur-Seine, França, 8 de setembro de 1931) foi um membro da família imperial brasileira, filho do príncipe Luís, Príncipe Imperial do Brasil e de sua esposa, a princesa Maria Pia de Bourbon-Duas Sicílias, por parte de pai, era neto da imperatriz Isabel I do Brasil e bisneto do imperador Pedro II do Brasil.
Gastão morreu solteiro ainda jovem, e foi sepultado no Mausoléu de Orléans em Dreux. Após sua morte, sua irmã, a princesa Pia Maria, tornou-se herdeira titular de seu irmão Pedro Henrique, até o nascimento do filho de Pedro Henrique, também chamado de príncipe Luiz, Príncipe do Brasil, em 1938
Infância[editar | editar código-fonte]
Luís Gastão nasceu em Cannes em 19 de fevereiro de 1911, na Vila Maria Teresa, palácio de exílio dos Condes de Caserta, seus avós maternos, onde residiam desde que a unificação italiana os tinha expulsado de Nápoles e, mais tarde, de Roma. Era o segundo filho de Luís de Orléans e Bragança, e da Princesa Maria Pia das Duas Sicílias. Entre ele e o irmão mais velho, Pedro Henrique, havia um ano e meio de diferença. Dois anos mais tarde, nasceria uma irmã, Pia Maria.[1]
Inclinado-se, para observar o pequeno rosto, o seu pai nele reconheceu o tipo histórico. Correu à sala de visitas para anunciar aos dois avós que lá esperavam ansiosos: “Um típico Bourbon...” No decorrer de alguns dias, abriram-se os olhos do recém-nascido, que se mostravam de um azul transparente, que combinava com o louro acinzentado do cabelo. Os que contemplavam o pequeno Luís Gastão, adormecido placidamente e suas mantas com brasões imperiais e reais, jamais poderiam pensar, no número de raças ilustres que aquela frágil criaturinha representava.[2]
Por sua avó paterna, a Princesa Isabel do Brasil, ele tinha, por bisavô, D. Pedro II, Imperador do Brasil, e descendia dos Reis de Portugal. Esta linha se reúne, pela Imperatriz Leopoldina, mãe de D. Pedro II, arquiduquesa da Áustria, e filha do Imperador Francisco I, aos Imperadores do saco império romano, à poderosa Casa de Habsburgo-Lorena, a Maria Teresa, a Carlos V e a Carlos, o Temerário. Aos Imperadores da Áustria ela se junta, outra vez na linha real dos Bourbons-Sicília, por sua bisavó, a Rainha Maria Teresa das Duas Sicílias, filha do Arquiduque Carlos, Duque de Teschen, adversário de Napoleão Bonaparte, e pela rainha Maria Carolina, filha da Imperatriz Maria Teresa.[3] Alcançava, assim, a descendência capetíngia dos Valois, pelo Rei João II de França, cujo filho, Filipe II de Bogonha, fundou a Casa dos Grão-Duques do Ocidente. Pelo Príncipe Afonso das Duas Sicílias, Conde de Caserta, seu avô materno, ele descendia dos Reis de Nápoles. Logo, por Filipe V, Rei da Espanha, dos Bourbons de França, de Luís XIV e de São Luís. Orléans, por seu avô paterno, o Príncipe Gastão d'Orléans, Conde d’Eu, ele descendia de Luís XII, pela segunda linha.[4][5][6]
A primeira infância de Luís Gastão foi dividida em estadas no Castelo d'Eu, na Vila Maia Teresa, em Cannes, e no Palacete de Boulogne. Nesse palacete, tão privilegiadamente situado à beira da floresta, de fronte às colinas de Saint-Cloud e de Mont-Valérien, ali residia, por intervalos, a Princesa Isabel. A colônia brasileira conservou a lembrança das brilhantes recepções e das festas ao ar livre que ali oferecia, com uma dignidade tão afável, a Imperatriz de jure exilada.[7]
Seu pai exigia que Luís Gastão e seus irmãos fossem educados com energia e sem mimos. os pequenos não tardariam a exprimi-las em francês, alemão e inglês e, naturalmente em primeiro lugar, em português língua do pai e dos avós brasileiros. A guerra deveria interromper, ou, pelo menos, espaçar o exercício daquela educação inspirada nas mais nobres tradições e apoiada num juízo largamente informado.[8]
Desde o início das hostilidades, o seu pai, Luís, filho da França pelo sangue e por adoção, não imaginou, sequer um instante, em se valer da exclusão injusta que as leis da Terceira República o atingiam, pelas quais, os descendentes daqueles que, no correr dos séculos, aumentaram o território francês, estendendo-o, sem descanso, a seus limites naturais, não mereciam a honra de protegê-lo contra o inimigo tradicional. O bisneto de Luis Filipe foi oferecer ao presidente Poincaré a cooperação de seu devotamento e de sua ciência militar, adquirida em escolas especializadas. O presidente, rendendo homenagem ao nobre gesto de se pai, não acreditou poder aceitar seus préstimos. Sugeriu-lhe que se dirigisse a seu parente, o rei Alberto I da Bélgica, que, sem dúvida, lhe abriria os postos do valente exército belga. Mais o rei declinou, a oferta de seu primo. não desanimou: foi ao Rei da Inglaterra. Mais independente em suas decisões, Jorge V o ligou ao Estado-Maior do general Douglas-Haig. Pouco depois, ele atingia o posto de capitão, com a missão de oficial de ligação. No correr dessa missão, seu pai deixou um “Diário de Guerra” que não relata senão a marcha de um dia medíocre dos acontecimentos da cooperação franco-britânica.[9]
Luís Gastão era ainda muito criança para compreender, mas o Conde d'Eu, não perdeu a oportunidade de deixar, na jovem mente, uma lembrança do heroísmo paterno, semente que germinaria com vitalidade nos anos da adolescência. Mostrou ao menino o uniforme e a espada do pai: “Olhe, veja isso! Mais tarde, será preciso partir, também, para a guerra e lutar, como o papai, para defender a França”.[10]
Obrigado a deixar a frente de combate onde a saúde, de que nunca soubera tratar, tinha recebido um gole irreparável, D. Luís sucumbiu a um resfriado complicado por um estado artrítico. Compreendendo que a hora suprema era chegada, o descendente de São Luís enfrentou a morte com uma perfeita serenidade. Nem seu bom humor o deixou e, diletante impenitente, disse sorrindo a sua mulher: “Será mesmo interessante ver o que se passa do outro lado”[11]
Juventude[editar | editar código-fonte]
Por ocasião da morte de seu pai, ocorrida a 26 de março de 1920, Luís Gastão acabava de completar nove anos de idade. A vida do jovem foi relativamente restrito à família. Poucas viagens. A primeira, ao Brasil, onde, com sua mãe e seu irmão mais velho, acompanhou o Conde d'Eu para assistir as comemorações do Centenário da Independência, em 1922. Viagem marcada pela trágica morte do avô a bordo do “Massilia”, no momento e que o navio entrava em águas brasileiras. Outras, à Espanha, junto ao infante Carlos das Duas Sicílias, seu tio, à Argélia e à Tunísia.
No Brasil, Luís Gastão, com sua simplicidade e simpatia, conquistou o coração dos brasileiros. Tornou-se, para eles, “o Príncipe Encantado da Família Imperial”. Daquele imenso Brasil, dezessete vezes maior que a França, todo cheio de lembranças de seu bisavô, o ilustre D. Pedro II, que foi, por assim dizer, o educador do gênio nacional, Luís Gastão, em quem os brasileiros encontravam os traços do saudoso Luís, seu pai, nunca mais se esqueceria.[12]
Apesar de Orléans por linha paterna, a acolhida calorosa feita ao neto de Isabel, a Redentora, acabou por fazê-lo identificar-se, completamente, à sua pátria de direito, senão sua terra natal, mas a de seus antepassados. Amava as duas pátrias por suas histórias e seus lugares. “Depois do Brasil, nenhum país é tão belo quanto a França”. Isso que ele já tinha viajado bastante para poder fazer comparações. Impossibilitado de viver no primeiro, ligou-se àquele canto da costa mediterrânea, onde sua mãe, presa por tantas recordações, fixara sua residência preferida. Não queria se mudar dali.
Morte[editar | editar código-fonte]
Todos os anos, Luís Gastão viajava a Lourdes, a última vez foi em janeiro de 1931. No terrível frio dos Pirenéus, enquanto sua mãe rezava na gruta, ele ia mergulhar na piscina gelada. Durante três dias, repetiu o sacrifício. Ele contraiu aquilo que se chamava, então, pudicamente, uma doença de langor. Sua mãe ficou desnorteada. Ela já tinha visto morrer assim um de seus irmãos, Francisco de Assis. Maria Pia então o levou a Boulogne para o Dr. Poirier, ele fez o que pôde por ele. Viram ele depauperar dia a dia, mas conservar sempre a gentileza e o bom humor. Sua fé inquebrantável e sua confiança na vontade de Deus o susteve até o fim. Ele morreu na noite de 8 de setembro de 1931, festa da Natividade de Nossa Senhora, com a qual ele tinha uma devoção toda especial. O choque foi terrível para su mãe, e para seus irmãos. Seu corpo repousa na Capela Real em Dreux, França, junto a seu pai, sua mãe, a Antônio Gastão, seu tio, e os outros membros da Casa de Orléans.[13]
Ancestrais[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 7
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 8
- ↑ «Prince Luis Gastao de Orléans e Bragança: Genealogics». www.genealogics.org. Consultado em 5 de fevereiro de 2022
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 9
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 10
- ↑ «Orleans-Bragance». www.royaltyguide.nl. Consultado em 5 de fevereiro de 2022
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 11
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 11
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 15
- ↑ «Person Page». www.thepeerage.com. Consultado em 5 de fevereiro de 2022
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 16
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 20
- ↑ Um Jeune Prince Chrétien, Louis-Gaston d’Orléans-Bragance (2007). UM JOVEM PRÍNCIPE CRISTÃO D. LUÍS GASTÃO DO BRASIL. Rio de Janeiro: ... p. 21